O perigo da comichão nos ouvidos

Ter comichão nos ouvidos é uma doença antiga. Não é uma doença em si, mas é uma condição que pode se desenvolver a menos que sejam tomadas medidas para preveni-la. Numerosos avisos sobre isso estão na Bíblia, especialmente para os últimos tempos em que vivemos agora.

O Apóstolo Paulo dá ao seu discípulo Timóteo uma advertência profunda sobre a comichão nos ouvidos em uma de suas cartas no Novo Testamento. Paulo detalha as instruções ministeriais, incluindo advertências "não tenham contendas de palavras, que para nada aproveitam", "evita os falatórios profanos [tagarelice vazia]", "rejeita as questões loucas e sem instrução" e que "homens maus e impostores ficarão piores cada dia, enganando e sendo enganados ”(2 Timóteo 2:14, 16, 23; 3:13). 

Em 2 Timóteo 4: 3-4, Paulo disse que “virá tempo em que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências;  e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas”.

Há muito que explicar nestes versículos. Esta comichão nos ouvidos se refere ao desejo de ouvir algo diferente ou o que se quer ouvir - o que é agradável e "arranha" a curiosidade, o intelecto ou talvez seu desejo de controvérsia e debate. 

Ter "ouvidos com comichão" faz com que se "amontoe" (acumule ou multiplique) professores que os levarão a falsidades. Sendo instáveis e insatisfeitos, eles buscam “novas” informações para satisfazer sua comichão. Assim como um arranhão nunca é suficiente, ouvir o que você deseja leva a uma busca mais intensa por uma "nova verdade". 

É uma antiga aflição humana. Eva, no Jardim do Éden, sentiu comichão ao ouvir da serpente que ela não morreria por comer o fruto que Deus havia proibido, mas que, em vez disso, abriria seus olhos e a tornaria semelhante a Deus, conhecendo o bem e o mal (Gênesis 3: 1-5). Eva desejou o fruto proibido. Da mesma forma, uma pessoa com comichão nos ouvidos deseja professores de acordo com “seus próprios desejos” - isto é, seus próprios desejos, que lhes digam o que desejam que seja a verdade, não o que é a verdade. As pessoas não gostam de ouvir a verdade.  

Numerosas profecias do Antigo Testamento falam desta infeliz propensão humana de “fazer buscas” até encontrar alguém que diga o que queremos ouvir. Um exemplo é Isaías 30: 9-11: “...povo rebelde é este, filhos mentirosos, filhos que não querem ouvir a lei do Senhor;  que dizem aos videntes: Não vejais; e aos profetas: Não profetizeis para nós o que é reto; dizei-nos coisas aprazíveis e tende para nós enganadoras lisonjas;  desviai-vos do caminho, apartai-vos da vereda; fazei que deixe de estar o Santo de Israel perante nós.”

Jesus advertiu Seus discípulos: “Acautelai-vos, que ninguém vos engane,  porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos... E surgirão muitos falsos profetas e enganarão a muitos …. porque surgirão falsos cristos e falsos profetas e farão tão grandes sinais e prodígios, que, se possível fora, enganariam até os escolhidos”(Mateus 24: 4-5, 11, 24).

Pedro disse: “E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição.  E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade;  e, por avareza, farão de vós negócio com palavras fingidas”(2 Pedro 2: 1-3).

Se alguém tem comichão nos ouvidos, há um monte de "arranhadores" baratos e fáceis por aí. Mas não deveríamos querer a verdade, para que “não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que, com astúcia, enganam fraudulosamente” (Efésios 4: 14-15)?

Em vez disso, aplique-se à verdade de Deus - a única fonte duradoura de satisfação e verdadeira salvadora de vidas - ao invés de irritante - conhecimento.

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