Chegou a hora da Europa

Comentário sobre este artigo

O que se segue não tem a intenção de apoiar um partido político ou nação em detrimento de outro. O Mundo De Amanhã não apoia nenhum candidato político, mas não nos esquivamos a temas relacionados com o cumprimento das profecias e valores bíblicos. Qualquer menção a dirigentes individuais não deve ser interpretada como um endosso ou queixa contra o indivíduo, o seu partido ou o seu país.

A Bíblia está mais uma vez a provar que os seus céticos estão errados. Quem previu a mudança drástica no pensamento Alemão que começou subitamente há três anos e meio — uma mudança que continua a intensificar-se? A resposta é: aqueles que compreendem as profecias bíblicas — profecias que têm sido destacadas aqui no Mundo de Amanhã há muitos anos. Não previmos esta mudança tendo um intelecto superior, olhando para uma bola de cristal, seguindo Nostradamus ou recebendo uma visão à noite. Tudo está nas Escrituras.

Há décadas que demonstrámos, a partir do livro do Apocalipse, do livro de Daniel e de outras partes das Escrituras, que a Alemanha se tornará novamente uma força militar dominante na Europa — e que os acontecimentos farão com que dez nações ou reinos na Europa entreguem o seu poder a um colosso liderado pela Alemanha, a quem as Escrituras chamam «a besta». Os pessimistas ridicularizam a ideia de outro renascimento Europeu do Império Romano, mas é isso que está a começar a acontecer enquanto lê este artigo. Nunca é boa ideia apostar contra Deus e a Sua palavra!

Um Ponto de Viragem Epocal

A 21 de Fevereiro de 2022, o presidente Russo, Vladimir Putin, enviou tropas para a Ucrânia como "forças de paz" e, três dias depois, lançou uma invasão em grande escala. Este foi um alerta para os líderes Europeus, e o então chanceler Alemão, Olaf Scholz, convocou imediatamente uma Zeitenwende — uma mudança histórica na mentalidade da população. Houve uma mudança repentina do pacifismo para a prontidão para a guerra, uma vez que os Alemães rapidamente se aperceberam da necessidade de construir uma força militar forte para utilização onde fosse necessário. Scholz apelou ao investimento de 100 mil milhões de euros (108 mil milhões de dólares) para reconstruir as forças armadas do seu país e aumentar as despesas militares anuais para mais de 2% do PIB — incluindo a compra de aviões furtivos F-35, capazes de transportar armas nucleares.

Esta foi uma mudança surpreendente, dado que a Alemanha tinha fugido do seu passado militarista desde o final da Segunda Guerra Mundial, concentrando-se na coexistência pacífica e numa economia forte. Outros países europeus que receberam o alerta do Sr. Putin também aumentaram os seus próprios gastos militares, mas a Alemanha está numa posição única, devido à sua história e ao seu poder económico.

E a eleição do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, levou ainda mais os Europeus a defenderem-se. Na Conferência de Segurança de Munique, o vice-presidente norte-Americano J.D. Vance chocou os participantes, a 14 de Fevereiro, ao criticar os aliados Europeus dos Estados Unidos por permitirem a migração em massa, minar a liberdade de expressão, ignorar a liberdade religiosa e anular eleições em nome da "defesa da democracia". Os líderes Europeus, atónitos, disseram que os comentários de Vance "confirmaram os seus piores receios" ("O Discurso Que Assustou a Europa", 18 de Fevereiro, ForeignPolicy.com).

A Nova Direção da Alemanha

Os EUA não são o único país com um novo líder. A 6 de Maio, o conservador Friedrich Merz, líder da União Democrata Cristã (CDU), o partido de centro-direita da Alemanha, tornou-se o novo chanceler do seu país. Em entrevista à emissora pública ZDF, Merz pediu prontamente à administração Trump que "ficasse fora" da política Alemã e enfatizou o papel da União Europeia: "Juntos, somos ainda maiores do que os EUA... Estamos unidos, em grande medida, pelo menos" ("Merz para a equipa de Trump: Fiquem fora da política Alemã", Politico.eu, 7 de Maio de 2025).

Os observadores esperam que Merz acelere os movimentos Europeus em direcção à auto-suficiência, criando aquilo que o Conselho Europeu dos Negócios Estrangeiros caracteriza como uma "Europa a duas velocidades", com um núcleo interno de nações económica e militarmente poderosas a assumir um papel mais importante. Isto enquadra-se na profecia bíblica, pois atualmente a União Europeia é composta por 27 nações. Trata-se sobretudo de uma união económica, mas a Bíblia fala de uma potência militar composta por apenas dez membros. Podemos esperar que haja uma união económica ampla, com uma união militar interna mais pequena, que dure pouco tempo (Apocalipse 17:12).

Um artigo recente no German-Foreign-Policy.com apresentava um título preocupante: “Tudo ou nada: os conselheiros e especialistas em política externa Alemães apelam ao rearmamento maciço e a um número muito maior de tropas. Alertam: caso contrário, a Alemanha perderá influência e a UE desintegrar-se-á”. O artigo prosseguiu dizendo que “em Berlim, os conselheiros governamentais e os especialistas em política externa apelam a um aumento maciço do orçamento militar, a cortes drásticos nas despesas sociais e a uma vigorosa doutrinação (‘mudança de mentalidade’) da população. A rápida militarização é, argumentam, a tarefa do próximo governo Alemão... o próximo governo deve preparar a sociedade ‘para que a Alemanha se torne a principal potência Europeia, diplomática e militarmente’” (4 de Março de 2025).

O Chanceler Merz, um antigo e fervoroso defensor da Aliança Transatlântica, reconhece a gravidade da ruptura nas relações e vê que não há volta a dar, afirmando aos legisladores Alemães em Fevereiro: "A minha prioridade absoluta será fortalecer a Europa o mais rapidamente possível para que, passo a passo, possamos realmente alcançar a independência dos EUA" (Politico.eu, 24 de Fevereiro de 2025). Note-se que o Sr. Merz disse isto ainda antes do atrito na Casa Branca, a 28 de Fevereiro, entre Vladimir Zelensky e o presidente e o vice-presidente dos EUA. O que implica esta independência?

Os legisladores Alemães votaram para permitir um enorme aumento das despesas com a defesa e as infraestruturas — uma mudança radical para o país que pode remodelar a defesa Europeia. A maioria de dois terços dos deputados do Bundestag, necessária para a mudança, aprovou a votação na terça-feira. A lei isentará as despesas de defesa e segurança das rigorosas regras de dívida da Alemanha e criará um fundo de infraestruturas de 500 mil milhões de euros (547 mil milhões de dólares; 420 mil milhões de libras). Esta votação é um passo histórico para a Alemanha, tradicionalmente avessa a dívidas, e pode ser extremamente significativa para a Europa, à medida que a invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia avança, e após o presidente dos EUA, Donald Trump, sinalizar um compromisso incerto com a NATO e a defesa da Europa ("Alemanha vota por aumento histórico nos gastos com defesa", BBC.com, 18 de Março de 2025).

O Sr. Merz é há muito um firme defensor da responsabilidade fiscal, pelo que não devemos subestimar a importância do seu apoio a esta mudança drástica. E mesmo procurando reforçar o poderio militar da Alemanha, não perdeu de vista a necessidade da Europa de força económica. Depois de a administração Trump ter proclamado uma nova série de tarifas do "Dia da Libertação", anunciadas a 2 de Abril, a maior parte das atenções pode ter-se concentrado nas relações EUA-China, mas a Europa também sentiu o impacto do que considerou ser um ataque sem precedentes à sua economia. Desde a Lei das Tarifas Smoot-Hawley de 1930 que os EUA não ameaçavam com aumentos tarifários tão maciços sobre os seus parceiros comerciais. Reagindo à notícia das novas tarifas, Merz disse aos jornalistas que tinha instado Trump a reduzir as tarifas "a zero" e lembrou-lhe que o "parceiro comercial mais próximo dos EUA não é a Alemanha, a França ou a Polónia — é a Europa e a União Europeia" ("Merz para Trump: Dêem-nos tarifas 'zero'", Politico.eu, 9 de Maio de 2025).

Após décadas a posicionar-se como uma força pacificadora e colaborativa nos assuntos Europeus e mundiais, a Alemanha está agora pronta para assumir um papel mais poderoso nas esferas económica e militar. Ao lado da presidente da UE, Ursula von der Leyen, numa conferência de imprensa a 9 de Maio, Merz disse aos jornalistas: "A Alemanha precisa de desempenhar um papel forte, um papel ativo, na União Europeia, e o governo Alemão vai fazê-lo" ("Merz diz que a Alemanha está de volta com voz no palco da UE", DW.com, 9 de Maio de 2025). Longe vão os dias de uma Alemanha castigada e envergonhada pelas suas ambições militaristas que conduziram a duas Guerras Mundiais no século XX.

Um Novo Líder Mundial Europeu

O Sr. Merz não é o único novo líder a emergir no panorama Europeu nos últimos meses. A eleição do Papa Leão XIV tem o potencial de complicar as relações entre os EUA e a Europa de formas nunca antes vistas. Como primeiro papa Católico Romano dos EUA, Leão tornou-se, sem dúvida, o Americano mais proeminente do mundo — embora lidere uma organização global com fortes raízes na Europa. Também cidadão Peruano, Leão tem laços com o "Sul Global", bem como com a Europa — potencialmente um trunfo valioso para uma Europa que procura um novo equilíbrio de poder mundial com a reduzida influência Americana. Para mais informações sobre o lugar do papado nos acontecimentos europeus e mundiais, leia o artigo informativo de Wallace G. Smith, "Sobre os Papas e a Profecia", desta edição.

“Chegou a Hora da Europa”

A Organização do Tratado do Atlântico Norte foi constituída a 4 de Abril de 1949, após a Segunda Guerra Mundial. Diz-se informalmente que a NATO foi formada “para manter a Alemanha subjugada, a Rússia fora e os Estados Unidos dentro”. O que vemos agora é a ascensão da Alemanha, a Rússia a bater à porta oriental da Europa e os EUA a desligarem-se da Europa.

Não é incomum que os aliados tenham disputas e diferenças para ultrapassar, mas o que estamos a assistir é a uma mudança geopolítica histórica que os estudiosos da história europeia e da profecia bíblica devem considerar assustadora. A ascensão de um rolo compressor económico e militar que envolve uma união de nações Europeias é algo de que este ministério tem vindo a falar, escrever, transmitir e alertar há décadas. Um ano de revistas O Mundo De Amanhã não conteria tudo o que dissemos sobre este assunto que começa agora a ganhar forma. Disponibilizamos vários opúsculos que abordam diretamente este assunto, incluindo A Besta do Apocalipse: Mito, Metáfora ou Realidade Breve? Se ainda não leu este poderoso opúsculo, escrito pelo falecido evangelista e colaborador da Mundo De Amanhã, John H. Ogwyn, recomendo que o faça. Pode lê-lo online ou solicitar uma cópia impressa gratuita em OMundoDeAmanha.org. Também pode solicitar uma cópia impressa gratuita no Gabinete Regional mais próximo, listado nesta revista.

O que vemos agora acontecer é a ascensão de uma Europa liderada pela Alemanha, começando a construir uma poderosa força militar de classe mundial com armas nucleares, totalmente independente dos EUA — o seu antigo protector. Num artigo intitulado "Será que a ameaça de Trump acabará com o zelo da Alemanha pela austeridade?", o periódico Politico noticiou:

“Em vista das ameaças à nossa liberdade e paz no nosso continente”, o mantra “custe o que custar” deve agora aplicar-se à defesa da Europa, disse Merz aos jornalistas no início deste mês, ao anunciar um plano histórico de empréstimos que poderia libertar 1 bilião de euros em novas despesas para defesa e infraestruturas na próxima década.… “O encontro na Casa Branca entre Zelensky e Donald Trump mostrou realmente todo o drama que vivemos hoje em termos de política de segurança, e é por isso que tivemos de agir rapidamente”, disse Merz na televisão pública no domingo [16 de Março]. “Agora temos de seguir um caminho mais independente da América”, acrescentou. “Chegou a hora da Europa” (18 de Março de 2025, sublinhado nosso)

Sim, chegou a hora da Europa. Não só da Alemanha. A Reuters noticiou esta resposta do presidente da Comissão Europeia após o atrito na Casa Branca entre o governo norte-Americano e o presidente Ucraniano Zelensky: “Novos planos da UE para reforçar a indústria de defesa Europeia e aumentar as capacidades militares podem mobilizar cerca de 800 mil milhões de euros (841,4 mil milhões de dólares), disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen... A UE vai propor dar aos estados-membros mais espaço fiscal para investimentos em defesa, bem como 150 mil milhões de euros empréstimos para estes investimentos, e procurará também mobilizar capital privado” (“Os planos de defesa da UE podem mobilizar 800 mil milhões de euros, diz von der Leyen”, Reuters.com, 4 de Março de 2025).

As nações europeias estão a fechar-se ao perceberem que precisam de se manter firmes perante uma ameaça vinda do Leste. O despertar militar da Europa, e especialmente da Alemanha, não é uma questão de somenos. Por duas vezes no último século, uma Alemanha militarizada mergulhou o mundo em guerras que ceifaram a vida a dezenas de milhões. Sabemos que não é sua intenção provocar uma terceira ronda, mas os descendentes da antiga Assíria voltarão a empunhar a espada contra as nações de Israel:

Ai da Assíria, vara da minha ira e cajado em cuja mão está a minha indignação! Enviá-la-ei contra uma nação ímpia, e contra o povo da minha ira dar-lhe-ei ordens para saquear, tomar a presa e pisá-la como a lama das ruas. Contudo, ele não pensa assim, nem o seu coração pensa assim; mas o seu coração está em destruir e exterminar não poucas nações (Isaías 10:5-7).

A transformação da Alemanha e da Europa é histórica e está a ocorrer a uma velocidade vertiginosa. Um artigo da BBC intitulado "Alemanha decide deixar a história no passado e preparar-se para a guerra" refletia sobre a preocupante mudança da Alemanha na política de defesa:

As Forças Armadas Alemãs, a Bundeswehr, receberam recentemente autorização para um aumento maciço dos investimentos depois de o parlamento ter votado para isentar os gastos com a defesa das rígidas regras sobre a dívida. O principal general do país disse à BBC que o aumento dos recursos é urgentemente necessário porque acredita que a agressão Russa não se limitará à Ucrânia. "Somos ameaçados pela Rússia. Somos ameaçados por Putin. Temos de fazer o que for preciso para o impedir", diz o general Carsten Breuer. Alerta que a NATO deve estar preparada para um possível ataque em apenas quatro anos... "E quanto mais cedo estivermos preparados, melhor" (BBC.com, 31 de Março de 2025, sublinhado nosso).

A Potência Europeia Vinda

O facto é que os EUA e a Europa estão a separar-se. Os Europeus reconhecem a necessidade de se unirem para a sua própria defesa, e a Alemanha vê a necessidade de tomar a dianteira. O livro do Apocalipse descreve o que veremos num futuro próximo. Não podemos prever o momento exato, mas, como demonstrado na citação acima, o tempo que a Europa levará a preparar-se para resistir a um ataque de uma superpotência nuclear a leste é curto — talvez apenas quatro anos ou menos.

Mas a profecia bíblica explica que esta potência "besta" fará muito mais do que defender a Europa contra o ataque Russo. Tal como aconteceu por duas vezes no século passado, esta força de "reis" (nações ou grupos de nações) liderada pela Alemanha levará o mundo inteiro à guerra mais uma vez. "Os dez chifres que viste são dez reis que ainda não receberam o reino, mas receberão autoridade como reis por uma hora, juntamente com a besta. Estes têm um mesmo intento e entregarão o seu poder e autoridade à besta" (Apocalipse 17:12-13). E qual é o momento desta profecia? No regresso de Jesus Cristo, “estes combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; e os que estão com ele, chamados, eleitos e fiéis” (v. 14).

Certa vez, o meu pai disse-me que os Europeus nunca se poderiam unir — uma sabedoria convencional baseada no seu conhecimento das diferenças entre os povos Europeus. No entanto, a Bíblia descreve-os a fazer exatamente isso. Estas mesmas dez nações que se encontram no Apocalipse são retratadas em Daniel como os pés e os dedos de uma estátua gigante que o rei Nabucodonosor viu em sonho. Sabemos que são a mesma coisa por causa do contexto e de como serão destruídas pelo regresso do Messias.

Quanto aos pés e aos dedos, em parte de barro de oleiro e em parte de ferro, o reino será dividido; contudo, a firmeza do ferro estará nele, tal como viste o ferro misturado com barro de cerâmica. E, assim como os [dez] dedos dos pés eram em parte de ferro e em parte de barro, assim também o reino será em parte forte e em parte frágil. Assim como viste o ferro misturado com barro de cerâmica, também se misturarão com a semente dos homens; mas não se ligarão um ao outro, tal como o ferro não se mistura com o barro (Daniel 2:41-43).

Então, quando é que esta frágil união de dez nações se desintegrará? No momento da intervenção de Deus, quando Jesus Cristo regressar para estabelecer um reino diferente: “Mas, nos dias destes reis, o Deus do céu suscitará um reino que nunca será destruído, nem passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos, e subsistirá para sempre” (v. 44).

Os eventos estão a desenrolar-se rapidamente. Entre o momento em que escrevo isto e o momento em que segura esta revista, quanto mais o mundo mudará? Continue a ler O Mundo de Amanhã para compreender a profecia bíblica, à medida que se desenrola diante dos seus olhos.

OUTROS ARTIGOS NESTA EDIÇÃO

Ver Tudo